Crédito automóvel: o que é, prós, contras e passos a seguir

O crédito automóvel é uma solução para comprares o teu carro de sonho, mas são necessários cuidados para que o processo não se torne um pesadelo. Estes são os 10 principais.

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O crédito automóvel é uma excelente opção para comprar um carro novo ou usado. Este tipo de financiamento é também fácil e rápido de obter, o que o torna um dos mais procurados pelos portugueses. Mas apesar da simplicidade, requer alguns cuidados para evitar custos inesperados e longos processos burocráticos. Assim, se andas de olho num novo carro, aqui está o que deves ponderar antes de arrancar.


O que é o crédito automóvel e como funciona?

O crédito automóvel é um empréstimo destinado à compra de um automóvel, novo ou usado. É um contrato estabelecido com uma instituição de crédito. Por norma, é possível definir o montante, o prazo e a modalidade de reembolso do empréstimo.


Quais as vantagens e riscos do crédito automóvel?

O crédito automóvel apresenta vantagens e desvantagens, que importa analisar com cuidado para concluir se esta será mesmo a opção certa para ti.

Vantagens do crédito automóvel

Estas são as principais razões para optar por um crédito automóvel.

  • O crédito automóvel já não é só utilizado para a compra de carros novos, mas também usados, permitindo o acesso a uma gama superior de veículos que, de outra forma, não seria possível.
  • Se tiveres capacidade financeira para fazer o pagamento das prestações, será fácil e rápido ter acesso a um crédito automóvel.
  • As taxas de juros são mais vantajosas comparativamente a um crédito pessoal. Poderá ainda ser deduzido no IVA se o crédito for realizado por uma empresa ou por trabalhadores por conta própria.
  • Em algumas situações consegues financiamento até 100%, o que te permite comprar e usufruir do automóvel de imediato, mesmo se o crédito tiver reserva de propriedade. 
  • Tens ao teu dispor várias modalidades, taxas e prazos para pagar o empréstimo, de acordo com o que for mais favorável à tua saúde financeira.
  • Podes fazer amortizações totais ou parciais, reduzindo os juros e o valor em dívida (não te esqueças de verificar se há penalizações por amortização).

Desvantagens do crédito automóvel

Apesar de todas as vantagens, o crédito automóvel tem alguns riscos:

  • Vais pagar sempre mais do que o custo do automóvel.
  • Ao valor do veículo acrescem as despesas do crédito, como encargos de abertura, registo da reserva de propriedade, entre outros descritos no contrato.
  • Tens a preocupação de ter uma dívida em aberto durante o período em que decorre o empréstimo.


Como pedir um crédito automóvel: guia passo-a-passo

Para pedir um crédito automóvel de forma rápida e sem problemas, segue estes passos.

1. Confirma se o crédito automóvel é a opção de financiamento certa para ti

Em primeiro lugar, é importante saber que existem outras formas de adquirires o teu carro, e que podem ser mais vantajosas para ti do que o crédito automóvel. São elas o crédito pessoal, Leasing, ALD ou Renting.

Normalmente, as condições de um crédito automóvel são mais vantajosas do que as de um crédito pessoal. Os juros do crédito pessoal são, em regra, mais elevados do que os praticados no crédito automóvel.

Já o Leasing só é aplicável na compra de carros novos, e a principal vantagem comparativamente ao crédito automóvel reside no facto de ter taxas de juro mais baixas e, para as empresas, vários benefícios fiscais. Neste caso, o banco é o proprietário do veículo e cede-te a sua utilização. No final do contrato, terás a possibilidade de comprar o automóvel pagando o valor residual.

Existe ainda a alternativa de contratar um ALD, a sigla para Aluguer de Longa Duração. Este processo é, na essência, muito semelhante à modalidade de Leasing, com a diferença de que terás obrigatoriamente de comprar o carro no final do contrato. Nesta altura, o banco procede à transferência da propriedade da viatura para o teu nome.

Por fim, o Renting, também designado por Aluguer Operacional de Viaturas (AOV), é uma solução de modalidade que permite beneficiar da total utilização do carro, mediante o pagamento de uma renda mensal fixa. Nesta renda já se encontram incluídas, para além do aluguer do carro, as despesas de assistência, manutenção e de reparação, e não há qualquer compromisso em ficar com o carro no final do contrato. Só terás de assegurar as despesas básicas, como troca de óleos, limpeza e combustível.

Assim, antes de avançares para um crédito automóvel, é importante escolher a modalidade mais adequada.

2. Escolhe o prazo do crédito automóvel

O prazo do crédito automóvel é um dos fatores que mais influencia o valor da prestação mensal. Quando aumentas a duração do teu empréstimo, vais obter uma mensalidade mais baixa; contudo, vais pagar mais em juros. Por outro lado, com um prazo mais pequeno, a prestação será maior, mas o crédito acaba mais rapidamente. Sintetizando:

  • Prazo maior: prestações menores, juros maiores, crédito mais prolongado.
  • Prazo menor: prestações maiores, juros menores, término mais rápido do crédito.

Além disso, certifica-te também de que o prazo não é superior ao tempo em que prevês manter a viatura. Assim, evitas aquela sensação pouco agradável de pagar por algo que não tens ou que não estás a usar. Em suma, escolhe o prazo do teu crédito automóvel com base no teu orçamento e nos teus interesses.

3. Considera a taxa de juro do crédito automóvel

Como em qualquer outro tipo de crédito, fazer contas é fundamental. No crédito automóvel, as contas que importam envolvem a taxa de juro, que corresponde ao valor que vais pagar ao banco por te emprestar dinheiro. Lembra-te que as taxas de juro para um carro usado são mais altas do que para um carro novo.

A taxa de juro pode ser variável ou fixa. Se for fixa, o valor é sempre o mesmo ao longo do contrato; portanto, saberás sempre que valor é que sai da tua conta todos os meses. Por outro lado, se a taxa for variável, vai estar indexada à Euribor, o valor europeu de referência que sofre oscilações de mercado e que, por consequência, vai fazer também variar a tua mensalidade.

Normalmente, a taxa fixa é mais cara no momento de contratação – o preço de saber que a tua prestação será sempre a mesma.

4. Analisa a TAEG do crédito automóvel

A TAEG (Taxa Anual de Encargos Efetiva Global), expressa em percentagem do montante que é emprestado, é o custo total do crédito automóvel. Inclui todas as despesas, como comissões do empréstimo, seguros associados, juros, impostos, custos do processo e outros encargos que estejam associados. Assim, quantos mais encargos o banco tiver e quanto mais caros forem, maior será a TAEG.

É importante saber que nesta taxa não se incluem custos com comissões de reembolso antecipado, ou com incumprimento no contrato do crédito automóvel. Esta taxa é imprescindível para interpretar um contrato de crédito e para conseguir fazer a escolha acertada.

5. Calcula todos os custos associados ao automóvel

Antes de pedir um crédito automóvel, é importante considerar não apenas o valor que vais pagar todos os meses pelo empréstimo, mas também os gastos associados à utilização do carro, como impostos e potenciais custos de manutenção. Assim poderás ter a certeza de que o orçamento que dedicaste ao teu novo veículo é suficientemente robusto para fazer face a todas as despesas. São elas:

IUC (Imposto Único de Circulação)

Este imposto nasceu da necessidade de compensar os custos ambientais e rodoviários associados à circulação de veículos, e é obrigatório para quem possui um automóvel (com algumas exceções previstas na Lei). O valor varia em função das características do veículo e deve ser pago todos os anos até ao último dia do mês do aniversário da matrícula.

ISV (Imposto Sobre Veículos)

O Imposto Sobre Veículos é pago uma única vez, normalmente já incluído no preço do veículo, na altura da matriculação da viatura, seja nova ou usada; portanto, não o voltarás a pagar (a não ser que transformes as características do veículo que impliquem uma tributação mais elevada). O montante é determinado por tabelas de publicação anual, e os cálculos têm por base a cilindrada do veículo e o impacto ambiental do mesmo.

IVA

Só terás de pagar IVA se comprares um carro em certas circunstâncias, e o valor está incluído no preço final da viatura. Para pagar IVA, o carro não deve circular há mais de seis meses ou ainda não ter mais de seis mil quilómetros de rodagem. Em Portugal Continental, a taxa de IVA é 23%; na Madeira é 22%, e nos Açores é de 16%.

Seguro

O seguro de responsabilidade civil é obrigatório por Lei, e o valor varia de acordo com as características do veículo, a localidade de circulação, o teu perfil e as coberturas contratadas. Para além da cobertura obrigatória de responsabilidade civil, que abrange todos os ocupantes da viatura, também poderás contratar outras coberturas adicionais, como, por exemplo, atos de vandalismo, fenómenos da natureza, ou proteção jurídica.

Combustível

Tenta prever este custo de acordo com os quilómetros diários que pensas fazer, reservando alguma margem para deslocações imprevistas ou mais fortuitas. Recorda-te que os veículos com maior cilindrada geralmente implicam maior consumo de combustível.

Inspeção automóvel

Esta também é uma despesa obrigatória para todos os automóveis assim que completam os quatro anos a contar da data da primeira matrícula, mesmo se o carro estiver em excelentes condições. O valor da inspeção automóvel é determinado anualmente pelo Governo e, em 2022, está fixado em €25,85 + IVA.

6. Calcula a taxa de esforço do crédito automóvel

A taxa de esforço deve ser calculada sempre que pedires um crédito, qualquer que seja a sua natureza, com exceção do renting. Esse cálculo servirá para avaliar o esforço financeiro que farás para cumprir o pagamento das prestações; por isso, antecipa-te e verifica qual a tua taxa de esforço. Para isso, verifica o peso dos teus encargos fixos totais (financeiros e não financeiros) sobre os rendimentos globais do teu agregado familiar.

Por norma, as taxas de esforço aceites variam entre os 40% e os 50%, mas poderá também ser outra diferente pois é um critério não formalmente estabelecido.

7. Verifica se o crédito automóvel requer reserva de propriedade

Quando contratas um crédito automóvel, podes fazê-lo com ou sem reserva de propriedade, como vimos acima. Normalmente, as taxas de juro são mais altas quando não há reserva de propriedade. Depois de o crédito automóvel terminar, ou seja, depois de teres pagado todas as mensalidades, termina também a reserva de propriedade.

8. Verifica se tens outros créditos que possam dificultar o cumprimento do crédito automóvel

Se tiveres outros créditos ativos, como um crédito de habitação, ou se compraste um eletrodoméstico em prestações, ou se tens gastos com cartões de crédito, a soma de todas as mensalidades pode não ser fácil de pagar. Verifica primeiro se o teu orçamento vai conseguir fazer face a um novo crédito, antes de avançar para a contratação de um crédito automóvel. Se a totalidade dos créditos for muito elevada (ou seja, se a taxa de esforço for superior a 35%), o banco pode recusar o empréstimo.

9. Faz várias simulações para um crédito automóvel

Em primeiro lugar, começa por negociar com o teu banco atual, antes de partires para a negociação com outros bancos. À partida, terás condições mais favoráveis de negociação por já seres cliente e teres subscrito outros produtos financeiros. Por exemplo, o banco pode aceitar a redução da taxa se domiciliares o teu ordenado ou se subscreveres produtos adicionais.

De seguida, pesquisa as condições oferecidas por outros bancos e compara minuciosamente as propostas, dando especial atenção a garantias ou despesas de manutenção. Negocia os termos mais atrativos com o maior número de bancos possível. Também poderás pedir uma simulação ao próprio stand automóvel; alguns são intermediários financeiros e disponibilizam formas de financiamento.

10. Prepara os documentos necessários para o crédito automóvel

É importante que tenhas um arquivo com os documentos que vão ser solicitados. Habitualmente, são os seguintes:

  • Cartão de Cidadão.
  • Número de Identificação Fiscal.
  • Última declaração de IRS (se fores trabalhador por conta própria).
  • Três últimos recibos de vencimento (se fores trabalhador por conta de outrem).
  • Comprovativo de pensão (para os reformados).
  • Comprovativo de morada (como a fatura de água, luz, telefone gás ou TV por cabo. Não são válidos atestados passados pela Junta de Freguesia).
  • Comprovativo de IBAN.
  • Fatura pró-forma da venda do automóvel (caso o crédito automóvel seja aprovado).

São estes os documentos que os bancos solicitam para conhecer a tua situação pessoal e profissional e, assim, efetuarem uma análise financeira cuidada ao teu pedido de crédito.


Escolhe o teu crédito automóvel de forma informada e esclarecida

Agora que já conheces os principais cuidados a ter na hora de contratar um crédito automóvel, as possibilidades de fechares um bom negócio são mais elevadas. Pesquisa, pondera, avalia e opta pelo crédito automóvel que melhor se adapta a ti, com toda a segurança e liberdade.

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